Sociedade
Cercas que cercam o certame incerto e aprisionam, ainda mais, o prisioneiro libertino, que na fuga pela liberdade perde o rumo, perde o tino, sem saber de onde veio ou para onde seguir; sons extravagantes entoados por aqueles que vagam igualmente sem destino, sem passado, e passam pelas calçadas infames onde não há fama, mas a fome espreita a espera de quem a possa saciar.
Murros em caras de madeiras de lei, altos muros que protegem a cidade particular onde o administrador é o rei: fuga da realidade cruel, onde muitos encontram-se no abismo, clamando pelo inferno ou céu; balas “avanço” que encontram a juventude no caminho; que decretam o fim da vida ainda a ser vivida; que vira número na estatística e um rombo na família.
Anjos, que ainda não aprenderam a voar, atirados de sei lá que andar. Homens sedentos de sangue, cheios de fome de matar. Na cozinha do nobre, a comida que vira dejeto; no barraco do pobre, o lixo que vira alimento.