a voz de um palhaço

calem-se as vozes

que mais um palhaço vai falar

sou a pedra em seu sapato

lato, mas não mordo

de cara pintada faço graça

pra essa gente que me aplaude

dentro de um bueiro de desgraça

raça que não enxerga

nem um palmo frente ao nariz

minha casa é um circo

durmo na corda bamba

não sei até quando vivo

metido nessa jaula de enganação

essa lona finge que cai

mas não cai não

tem gente demais na sustentação

e a platéia mente

finge gostar do espetáculo

o pobre faminto doente

que troca sua voz

por tijolo, remédio e pão

muita coisa não sabe

não entende

porque só quer se abrigar

debaixo dessa lona decadente

e ser mais um palhaço

que ri da vida

aplaudido pela platéia sem voz

que pensa escapar da morte

mas é enganada, vendida

entregue a própria sorte

Cláudia Sabadini
Enviado por Cláudia Sabadini em 08/08/2006
Código do texto: T211874