Uma arma nas mãos

Aquele menino olhava pro alto

aquele menino queria ser rico

ficava querendo as coisas

que pra te seriam difíceis

Aquele menino jogava capoeira

era firme e valente

queria ser respeitado

queria ser mais do que gente

um deus arquejado

Ele olhava seus manos roubando

ele olhava seus manos fumando

gozando a vida do jeito errado

gozando de todos

montando inferno e pecado

por onde passavam

Aquele menino um dia cresceu

jamais criado foi pelo pai ou mãe

jamais teve na escola

jamais teve um carinho

Aquele menino virou um homem

tolhido de ódio

tolhido de raiva

aquele menino virou algoz

de si mesmo

e na sarjeta no meio do sangue

jorrado de seu ventre

morrera assassinado

pelo seu passado e seu presente

Não teve carro

nem casa

nem liberdade

sobrevivia nas sombras

fugindo de tudo e de todos

Se achava o rei

se achava o maioral

agora estar a sete palmos de terra

Indigente numa cova rasa

não soube viver

não soube escrever nas paginas

uma história de grandeza

Agora e nota de jornal

na página policial

Aquele menino nunca existiu

era uma sombra nas esquinas no medo.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 02/03/2010
Reeditado em 03/02/2013
Código do texto: T2116580
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