Uma arma nas mãos
Aquele menino olhava pro alto
aquele menino queria ser rico
ficava querendo as coisas
que pra te seriam difíceis
Aquele menino jogava capoeira
era firme e valente
queria ser respeitado
queria ser mais do que gente
um deus arquejado
Ele olhava seus manos roubando
ele olhava seus manos fumando
gozando a vida do jeito errado
gozando de todos
montando inferno e pecado
por onde passavam
Aquele menino um dia cresceu
jamais criado foi pelo pai ou mãe
jamais teve na escola
jamais teve um carinho
Aquele menino virou um homem
tolhido de ódio
tolhido de raiva
aquele menino virou algoz
de si mesmo
e na sarjeta no meio do sangue
jorrado de seu ventre
morrera assassinado
pelo seu passado e seu presente
Não teve carro
nem casa
nem liberdade
sobrevivia nas sombras
fugindo de tudo e de todos
Se achava o rei
se achava o maioral
agora estar a sete palmos de terra
Indigente numa cova rasa
não soube viver
não soube escrever nas paginas
uma história de grandeza
Agora e nota de jornal
na página policial
Aquele menino nunca existiu
era uma sombra nas esquinas no medo.