A Mulher e a Rua

A mulher caminha na rua vazia.

Leva na mala a sobra do que fazia

e um resto do rosto que vestia.

Há pouco chamaram-na perdida,

alma decaída

e puta bandida.

Cada vitrine mostra o que o Mundo lhe fez.

Sua face retrata a sombra xadrez.

Por tanto não, só viveu o talvez,

enquanto gestava a angústia prenhez.

Ouviu os Homens e suas risadas;

e nunca se fez de rogada.

Abriu coração e pernas

sem temer as "Chamas Eternas".

Já não clama por Deus,

mas por uma "Alma Danada"

que lhe complete a morte, da noite passada.

Antiga "mulher dama",

sempre "mulher drama".

Virgem deflorada. Virgem fossilizada.

Agora, segue a rua e o Nada

nesse fim de qualquer estrada.