O artista performer
Apolo José se vestiu de estátua,
Tomou rumo, pro centro da praça.
Prateado, imóvel, sem passos,
Intocável, sem um sorriso esboçar.
Ao seu redor, sutilezas, caminhantes,
Inteiro atento, com seu olhar de viés,
Mantém-se em busca de algo ou o quê,
O transporte pro seu mundo imaginário.
O movimento frenético de sábado,
Quase beira à excitação das feiras,
Olham-no as gentes passantes,
O homem de mármore é atração.
Ele suspira, inaudível, cansado,
Impassível, quase com impulsos
De se deixar levar pelo mundo,
Mas a precisão veio ao seu encalço.
A sua volta, o murmurar indistinto,
Tons diversos de vozes sibilantes,
O circular rumoroso da multidão entretida,
Passos precisos de inquietos pedestres.
Por fim, sereno e juvenil, recolhe-se,
Encerra em si uma faísca de loucura,
E, no entanto, segue com imprecisos gestos,
Com o vento que o acaricia docemente.