ETERNO FOLIÃO
ETERNO FOLIÃO
Te conheço de velhos carnavais
Ainda não te sustentava nas pernas
E ias garboso de colo em colo
Segurando a preciosa chupeta.
Quando ouvias a batida dos tambores.
Se abrigava entre as pernas,
E ficavas por lá meio tímido,
Medroso escondido no meio das badernas...
As fantasias não esconderam,
Teus mais profundos segredos.
Quando se desmanchavas na intimidade,
Pude intuir algumas verdades...
As marcas da folia se transformaram,
Em pequenas cicatrizes insignificantes.
Um empurrão aqui, um soco ali,
Voltavas para casa meio cambaleante.
Pirata dos sete mares,
Advogado das Solitárias Perdidas,
Professor de Driblar os compromissos,
Curador de jovens deprimidas.
De mão em mão pela multidão
Carnaval após Carnaval
E assim o tempo foi passando
Até aquela manhã de alegria infernal
No cordão do Bola Preta
Eras tu, ou tua careta
O feio menino da chupeta
Ainda se balançando nas pernas
Fantasiado de si mesmo,
Folião em sua melhor opção,
Rouco, na careca, marcas de baton,
No compasso sem perder o tom...
Arrastado pela multidão
Enfartando de tanta emoção
Ao longe ainda ouvia o refrão
“Quem não chora....
No cordão do Bola Preta
Vem pro bola meu bem”...
Seguia a multidão enquanto tua alma
Meio louca se desvencilhava
Da pesada fantasia e se despia
Da ilusão de eterno folião.