ETERNO FOLIÃO

ETERNO FOLIÃO

Te conheço de velhos carnavais

Ainda não te sustentava nas pernas

E ias garboso de colo em colo

Segurando a preciosa chupeta.

Quando ouvias a batida dos tambores.

Se abrigava entre as pernas,

E ficavas por lá meio tímido,

Medroso escondido no meio das badernas...

As fantasias não esconderam,

Teus mais profundos segredos.

Quando se desmanchavas na intimidade,

Pude intuir algumas verdades...

As marcas da folia se transformaram,

Em pequenas cicatrizes insignificantes.

Um empurrão aqui, um soco ali,

Voltavas para casa meio cambaleante.

Pirata dos sete mares,

Advogado das Solitárias Perdidas,

Professor de Driblar os compromissos,

Curador de jovens deprimidas.

De mão em mão pela multidão

Carnaval após Carnaval

E assim o tempo foi passando

Até aquela manhã de alegria infernal

No cordão do Bola Preta

Eras tu, ou tua careta

O feio menino da chupeta

Ainda se balançando nas pernas

Fantasiado de si mesmo,

Folião em sua melhor opção,

Rouco, na careca, marcas de baton,

No compasso sem perder o tom...

Arrastado pela multidão

Enfartando de tanta emoção

Ao longe ainda ouvia o refrão

“Quem não chora....

No cordão do Bola Preta

Vem pro bola meu bem”...

Seguia a multidão enquanto tua alma

Meio louca se desvencilhava

Da pesada fantasia e se despia

Da ilusão de eterno folião.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 20/02/2010
Código do texto: T2097783
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