MENDIGO

Eis que ele desperta com o nascer do sol
E o barulho dos carros que ali já passam
Recolhe o jornal que a noite lhe foi lençol
Abandona a cama que é o banco da praça

Ele sabe que é dia, porque o sol lhe avisa
E não tem como nós esse tal despertador
Que pontual nos acorda na hora precisa
Não sei o seu nome, seu credo e nem cor

Sua paisagem é o outdoor logo em frente
Com enumeras cores de algum comercial
E o cartaz que em intervalos se acendem
Que pode até ter luz, mas não é natural

Quando a tarde chega, ele logo percebe
Um entra e sai em frente ao restaurante
Ali protegido sob a marquise ele pede
Muitos nem o olham e seguem adiante.

Já no fim da tarde, quando o sol se põe
Ele faz seu percurso de volta para casa
A única misera casa que sequer dispõe
A casa sem teto, sem porta e sem nada

Ele está cansado depois de um dia duro
E busca lugar seguro em que ele pousar
O céu estrelado ilumina o destino turvo
Em um beco escuro será o seu novo lar

É soturna a e difícil vida deste, o mendigo
Às margens e à sombra do convívio social
Assim como o dia, à tarde e a noite, amigo
Eis que ele executa mais um ciclo natural

A Alma de um Poeta(Pinho Sannasc)
Enviado por A Alma de um Poeta(Pinho Sannasc) em 20/02/2010
Reeditado em 19/07/2012
Código do texto: T2096721
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