UMA QUESTÃO DE PELE

Sinto na pele

De cor tão escura

Negra como a noite

Causa ruptura

Essa cor que eu não pintei

Incomoda aos inclementes

Tem inveja dos meus dentes

E da força que eu herdei

Sentem medo da minha cultura

Das minhas rezas, aos orixás

Da minha dança...

Dos meus patuás ...

Eu clamo as forças da natureza

Que me tingiu com tal beleza

Que eu chego a incomodar

Tratam-me com tal preconceito

Mas deitam comigo no leito

Isso não deixam passar

Passados 100 anos de escravidão

Libertaram os escravos

Não mudaram o sistema

Ainda temos os senhores de engenho

Como gestores de uma república que se diz livre

Mas cede a pressão

Teia de corrupção

E tudo continua sendo

Uma questão de pele