BARCO DE PAPEL

Peguei

Lápis e papel

Para escrever;

Mas as linhas não

Saíram das minhas mãos;

As idéias não fluíram.

Os pensamentos se esvaíram.

Olhei por um breve momento

Aquela folha branca,

Que a pena teimava em não querer macular.

Sorri, bem levemente irônico, com o canto da boca.

Peguei a folha e dobrei: uma, duas, três, até sete vezes.

Fiz um barco de papel.

Minha filha,

Perguntou o

Que eu estava

Fazendo,

- Uma poesia.

- Foi a mais linda que já vi, assim, sem palavras. Deu uma saudade,

Vontade de viajar... E viajei naquele barco, no tempo,

Sem nenhum medo de voltar. Foi profundo,

Tão profundo que não queria mais acordar.

- Faz um pra mim pai?!

Leandro Dumont

08/07/2003