O SER
Nesta viagem comigo mesmo
Encontro-me no cosmo de mim
Nele vejo rostos conhecidos
Os presentes, os saudosos,
Os que se foram, os que se vão;
Os que esquivo e os que estimo!
Neste encontro de mim em mim
Lembro-me de espinhos dolorosos que arranquei
Feridas imensas que tratei
E encontro enormes cicatrizes!
Segui os caminhos que escolhi
Removi as pedras que encontrei!
Neste passeio dentro de mim
Posso ver jardins floridos
Frutos das sementes que plantei
Sinto as raízes mais firmes no chão
Resultado das minhas aprendizagens!
E quanto ainda aprender...
Em meio ao meu microcosmo
Percebe antigos defeitos
Persistentes como parasitas
Se enrolando em minha vida
Atrapalhando mais e mais meus dias
Angustiando a minha lida!
Adentrando o meu macrocosmo
Sinto uma força maior em mim
Esperança incansável, fé no eterno,
Busca de crescimento interior,
Entendimento...Mudanças...
Perdendo e achando rumos sempre...
Nas entranhas do meu ser
Deparo-me com o essencial de mim
O meu imutável
Aquilo que sempre esteve comigo!
Que me faz ser como sou! Ser reconhecida
Mesmo que mil anos passem...
Nos abismos de mim
Encontro os meus limites:
Amor/ódio, valentia/covardia,
Força/desalento, razão e loucura;
Desassossego e mansidão!
Acelerando ou freando o meu destino.
No meu eu mais íntimo e inconfessável
Sei que sou dois em um,
O bem e o mau
Duelando e orquestrando
Sentimentos e ações várias e simultâneas
Eu, marionete de mim!
No fundo do meu âmago
Acho o rastro de todos que me encontraram
Percebe suas contribuições
Boas ou más, pequenas ou grandes;
Brandas ou duras
Saladas de vidas em mim!
No ínterim do meu inteiro
Há espaços vazios, sem noção...
Esperando que algo os preencha
Talvez uma certeza,
Ou uma experiência nova
Uma parte sem recheio!
Uma coisa tão confusa
Uma pessoa absoluta!
Uma coisa tão complexa
Tantos ângulos, tão diversa!
Num único ser alojar-se
Tantas formas, tantos temas...
E nessa total arbitrariedade
Ainda me resta dizer
Que toda a humanidade
A mim me parece ser!