NOSSA GUERRA DO DIA-A-DIA...

Depois a gente se cansa

e decide que não se pode mais morrer.

Morrer de bala certeira chamada de “bala perdida.”

Morrer sem ter feito nada para morrer. Morrer na hora errada!

Depois fica um cheiro de terra molhada

de lágrimas de olhos que choram

seus mortos nesta insana cidade...

Cidade cheia de gente insensata e assassina!

Depois a gente se torna sedados, alheios a tudo,

e, a noite fica enorme, cortada em pedaços

entre um sono e outro, entre um sono e meio...

Melhor trancar o choro no peito

e não ouvir na noite

os tiros que tiram vidas.

Depois, meio sem querer,

fingimos que não vemos, trancamos a porta,

fechamos os nossos olhos, amém!

Depois, bem depois,

vem uma autoridade e diz que foi um fato isolado.

Um fato isolado na nossa real guerra do dia-a-dia!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 11/02/2010
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