Na contra mão da vida

Lá vai dona maria

Pelas ruas desertas

da cidade que ainda dorme

Lá vai dona Maria

de pele tão pretinha

de cabelos tão branquinhos

de mãos tão firmes

seus pés chatos pisam fortes no chão

e se misturam com os restos

da velha alpargatas,

já muito, muito gastas

Lá vai dona Maria

com seu corpo arqueado

pelo peso da idade

pelo peso do enorme saco

que nas suas costas carrega.

Lá vai dona Maria

dos seus olhos nada escapa

suas mãos ágeis tudo cata

garrafas, latinhas, papelão

restos dos restos

que os homens incesatos

pelas ruas descartam...

Lá vai dona Maria

na contra mão da vida

e tudo o que foi pelo os outros esquecido

pra si é de grande valia.

Lá vai dona Maria

buscando o seu sustento

Será uma defensora da mãe natureza?

Não...apenas mais uma sobrevivente.

maria moraes
Enviado por maria moraes em 07/02/2010
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