Na contra mão da vida
Lá vai dona maria
Pelas ruas desertas
da cidade que ainda dorme
Lá vai dona Maria
de pele tão pretinha
de cabelos tão branquinhos
de mãos tão firmes
seus pés chatos pisam fortes no chão
e se misturam com os restos
da velha alpargatas,
já muito, muito gastas
Lá vai dona Maria
com seu corpo arqueado
pelo peso da idade
pelo peso do enorme saco
que nas suas costas carrega.
Lá vai dona Maria
dos seus olhos nada escapa
suas mãos ágeis tudo cata
garrafas, latinhas, papelão
restos dos restos
que os homens incesatos
pelas ruas descartam...
Lá vai dona Maria
na contra mão da vida
e tudo o que foi pelo os outros esquecido
pra si é de grande valia.
Lá vai dona Maria
buscando o seu sustento
Será uma defensora da mãe natureza?
Não...apenas mais uma sobrevivente.