TRISTE REALIDADE
A prole suja da favela,
crescente cancro social
que abala a urbe,
aspira inconsciente
um ideal amorfo.
Intui neblina que fluiu
da promissão natural
e aparvalhada procura,
sem mesmo o saber,
futuro que o presente suprimiu.
Solapa a infância
consumida pela dor,
a indiferença e o vício.
Vive, ri e sonha
- com papai noel.
Pústula endêmica, sem profilaxia,
cai e se conspurca mais e mais.
Raízes delituosas
caules tortos...
- frutos venais.
O ciclo vicioso é degradante
Na prole feia e suja
- da favela.
(1979 – Ano Internacional da Criança)