O ÚNICO PLANO

O que é que há com a alegria

Que saiu vestida de preto pela rua

Como se dentro dela houvesse/havia

Uma tristeza leve e quase nua?

O sorveteiro ainda vende sorvete na esquina

O restaurante abre ao meio-dia

O país ainda anda pela zonza avenida

A ler nomes escritos num mal inglês

E a zona de tolerância ainda é lá

Onde a noite pões seus guizos

Sob o eterno luar que ao sol se faz...

O mar brinca seus peixes nas pernas de nanadores

Os pais ainda dizem que filhos são uns amores

O que a gente não pode esquecer

É que o que ainda está por aqui

Um dia estará do outro lado de lá

E outros virão pelados e mutantes

Para brincar de novo na beira do mar

E a máquina do tempo girando suas correntes

Terá voltado ao começo nascendo seus novos dentes

Sentado como sempre faminto na sala de jantar.

A única habilidade possível é ser um ser humano

Fazendo do sentimento o mais confiável plano.