Senzala
SENZALA
As estruturas que compõem espaços
São retalhos do passado,
Batem ritmicamente
Como o pulsar dos corações
|Que transfiguram as lembranças
remotas, na preteritude das coisas|
Das paredes sem reboco,
Sem proteção,
Salta na memória a senzala de flagelo
A aprisionar o pobre infante desordenado
|Aquele que, de tão triste, aflito,
lastimoso, vê na velha prisão, a fuga,
a coragem, o martírio
frente ao pouco escrúpulo
do opressor|
Com os gritos, os olhos, os rostos
A fundirem-se na velha armação material,
Aqueles que ali habitaram
Parecem despir-se
|Manifestando o quão grande é o
seu abandono, sua estratificação
despercebida e ignorada|
São eles o elemento
Sedimentante da história
Os que guiam as idéias
Da multidão que olha pra trás.