RETRATO DA MORTE

No escopo da sorte

Deparei-me com a morte

Que dia pungente

Eu andava triste

Outros vinham contentes

Crianças correndo alegremente

Idosos caminhando confiantes

De repente um estrondo

E tudo ficou mudo

Por alguns segundos

E veio a gritaria

Correria quedas

Grande alarido

E no chão se via

Moribundo jazido

Enquanto o encarnado

Desenhava no asfalto quente

Figuras estranhas

Comentários banais surgiam

Meu Deus, coitado!

Morreu...Morreu...

Que desgraça sem graça

Que sena funesta

E o infausto virou festa

Com o masoquismo pedindo bis

Mas nesse ato ninguém

Queria ser ator ou atriz

Sirenes, viaturas, ambulâncias.

Completavam o palco

Porque a vida real

É teatro no bem e no mal

E nós achamos tudo normal

Ate o final do ato

Nascemos no cenário

E caminhamos sonhando

Ate o retrato da morte.