TEATRO TERRESTRE
Pobreza que canta de dor
Cria da nobreza ausente de amor
Soluços inaudíveis
Inaudíveis soluços barulhentos
Palavras que cortam como ventos
Saudações da saudável platéia
Que finge não ver nada
E mantém a boca calada
Quando se trata da perda alheia
A coragem que chora na chuva
O frio bruto que sai sem luvas
Gentilezas inexistentes
Inexistentes gentilezas imaginárias
A voz da fome falando como várias
Vaias da vivida platéia
Que finge não estar presente
E mantém-se em estado demente
Quando se trata da lágrima alheia
Sangue e substância
Santa ignorância
A fé fazendo o revertimento
De volta à infância
No paraíso das almas nobres
Dos pobres ricos
Dos ricos pobres
Da platéia que aplaude e vibra
Que sorri e participa
Que engana o mau e faz o bem
Mesmo que não seja para a própria vida