Quem Dá Aos Pobres...
Eu vi os olhos da vítima,
Olhando pra mim, no asfalto, no espelho.
Chorando!
A falta que vai fazer pra Maria,
Pro João, para o Kim.
As roupas estendidas no varal,
Salpicadas de sangue, e nas mãos...
Marcas da devastação, da terra abandonada,
Estéril, seca, seco o chão.
Na longa caminhada... Horizonte e sonhos,
De uma vida melhor.
Difícil digerir a fome, ver filhos descalços, feridos, jogados.
Ver cidade, ilusão, solidão.
Chuva abundante, mesma fome, mesma seca, mesma dor.
Nas vitrines, roupas caras, sapatos, dentes brilhantes,
Sorrisos e bolsos vazios.
Boca banguela, barracos, favelas.
Cadê solução? Políticos corruptos, ladrões!
Desesperado aceita o berro, mete o ferro, vai a luta.
Chega de pés descalços, de corpo cansado,
De dor, de fome e desespero.
“Quem dá aos pobres, empresta a Deus”
Manda ai meu, me passa o que é seu!