Quero Gritar

Quero gritar, um grito louco, grito rouco...um grito insano.

Quero gritar um grito desumano, um grito soberano.

Só gritado por monarcas e mendigos.

Quero gritar um grito afinado,

Um grito apaixonado,

Do tamanho do amor que trago em mim.

Grito amargo, suado, calejado...as vezes feliz.

Grito como o da meretriz...enganoso, maldoso, sensual.

Quero gritar um grito descomunal, um grito casual.

Despreender este desgosto, arrancar da boca este gosto.

Gosto... gotas...gotas caindo...pingando.

Na imensidão da solidão.

Agora e ainda quero gritar.

O grito do palhaço no picadeiro.

Grito ecoado nos labirintos, nos desfiladeiros...

Um grito maneiro, verdadeiro, o grito derradeiro.

Um grito feliz.

Quero gritar um grito libertário.

O mesmo grito acuado, grito dos negros acorrentados,

Nos porões dos navios.

Grito que quebrasse correntes, que fizesse brotar sementes,

Esperança de coisas boas.

Que colocassem dentes nas bocas, pro riso sorrir bonito.

Queria gritar um grito, que soltassem as amarras,

Aliviassem as almas, derrotassem a pobreza.

Apagasse as labaredas que alimentam a corrupção.

Grito que despertassem os mórbidos,

Que adormecessem os sórdidos,

Os insanos, cruéis e bestiais.

Queria gritar um grito que soltassem flores no ar.

Pintasse o mundo de cores multicoloridas.

Que acordassem todos para amar.

Queria eu gritar...

Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa