Não tenho nada com isso.
Não estendas a mão para mim!
Não tenho nada com isso!
Não digas que queres um pedaço de pão,
Não me peças para dar-te abrigo.
Não tenho nada com isso!
Não me olhes pedindo carinho,
Para não morrer nos braços das drogas.
Se não tenho nada com isso...
Não me contes dos bebês que morrem de fome,
Que mães dão seu sangue em seus seios,
Pois leite já não possuem mais.
Não me digas que crianças vendem seu corpo
E homens, sem moral as recebem.
Que meninos e meninas são devorados por animais
Matando assim sua infância!
Não digas!Não me contes! Não me digas!
Pois não tenho nada com isso!
Não me digas que famílias inteiras
Clamam por um pedaço de terra
E com seu suor veem os trigais florescer,
Para amassar o pão e matar a fome,
Se o pão é nosso, não deles,
O Pai é Nosso, não deles!
A mesa farta é nossa,
A educação é privilégio nosso,
Não deles!
Não venhas dizer-me, não venhas contar-me!
Deixe morrer a criança, o velho, o jovem também,
Pois não tenho nada com isso!
Que os sabem eles do muito que custa,
Pagar as contas do carro do ano, da grife, do clube,
Que os sabem eles, que de nervoso o mercado sucumbe,
Que o dólar despenca, que o homem comum se corrompe,
Mas continua senhor dos senhores.
...
Não tenho nada com isso!
Deixem morrer com os rios,
Deixem morrer com os verdes,
Deixem as perseguições políticas, as mortes,
As corrupções aflorar.
Quem arrancará nossa venda?
Não tem.. os.....na...da...com...is....
Justiça! Justiça! Justiça!