REFÉM

Beira-Rio beira a morte analfabeta

Brinda a vida das almas lustrosas

Beija a flor dessa tua infância carcomida

A procura de um horizonte, o duelo perdido

Na busca de um pão e quem sabe um pai

É a rotina que desagrada, que te degrada

De graça, desgraça de cada dia e noite

O mesmo político que te defende

É o mesmo político que te ofende

E te mantém refém dessa marola

É também aquele mesmo promotor

Quem promove a tua esmola

Castiga, mas busca o melhor açoite...

Sapatos brilham, não os teus olhos

Eles patrocinam o teu lapis e também a tua cola

Enquanto te fingem na escola

Moedas reluzem, não as suas almas

Qual é a melhor oferta?

Gargalhadas e cervejadas

Manjares e néctares à tua volta

A tua volta pra casa triste

O hábito deles de ensinar o teu caminho e lugar

Os dedos apontam em riste

De alma e cara lavada!

Os sapatos já luzem e pra onde tu vais?

Todos agora te querem longe

Os mesmos homens

As mesmas mulheres

O mesmo poeta

Quem sabe, teu mesmo pai!

In http://poeresias.blogspot.com