Pátria amada
Quem és tu, o pátria amada
Tão querida e idolatrada
Terra de tantos encantos e cores?
Quem és tu, ó Brasil
De tantas belezas e glórias mil
Mas também de tantas angústias e dissabores?
Em que barraco humilde tu escondes
Em que casebre pobre sem horizontes
Habitas tu, ó pátria das multidões?
És tu o velho esquecido e desprezado
És o pobre da sarjeta ou o menor abandonado
Entre tantos outros personagens das exclusões?
Onde se esconde a tua verdade
Onde está o teu grito de liberdade
Que outrora anunciou o porvir?
Onde está o sol da justiça e da esperança
Para fazer uma nova e eterna aliança
Entre o céu e a terra surgir?
Por que esqueces de teus filhos guerreiros
Que por orgulho de serem brasileiros
Lutaram e nem temeram a própria morte?
Por que não acolhes os que não tem nome
Por que não dás o alimento a quem tem fome
Por que não amparas os que nunca tiveram sorte?
Onde estão os teus índios, que foram massacrados
Que, pela disputa por poder, muitos foram assassinados
E que hoje vivem sem ter direito e sem ter razão?
Por que esquece dos negros e de seus valores
Que num passado de sangue e de dores
Foram por ti acorrentados na escravidão?
Que país é este onde ainda há tanta injustiça
Onde há muita violência, ódio e cobiça
Que país é este onde há muitas desigualdades?
Que pais é este onde muitos clamam em vão
Que padecem e imploram por proteção
Onde muitos vivem na marginalidade?
Até quando será descumprida a Constituição
Até quando haverá injustiça e corrupção
Até quando, se de todos és a mãe gentil?
Até quando a miséria será uma realidade tua
Até quando haverá mendigos e meninos de rua
Até quando, se de todos és a pátria amada Brasil?