Trágicas Infâncias
Ainda são crianças,
Mas são abandonadas em viadutos e esquinas
Desprezadas e sem ter de ninguém a proteção
Entregues as incertezas e a própria sina
Aprendendo as mais duras lições na escola da vida
Vivendo num mundo de solidão.
Ainda são crianças,
Mas são mau-tratadas e espancadas
Agredidas sem nenhuma piedade
Torturadas por adultos inconsequentes
Vítimas de barbáries e de outras crueldades.
Ainda são crianças,
Mas são obrigadas a trabalhar nas carvoarias
Nos canaviais, pedreiras, semáforos, nos lares
Acorrentadas em grilhões em tantos outros lugares
Vivendo em condições desumanas todos os dias.
Que sonhos tem a criança de corpo mutilado,
Que diante de tanta exploração,
Deixou de ter esperanças e de criar fantasias?
Ainda são crianças,
Mas são desejadas por mentes perversas
Em suas inocências violadas
Em diversas situações e ocasiões abusadas
Aos mais sádicos interesses submetidas
Violentadas e exploradas covardemente
Obrigadas a permanecerem em silêncio
Estando abertas as chagas e as feridas
Que amanhã estaremos reservando as nossas crianças?