VIDA DE POBRE
Entra ano e sai ano
E o pobre sem estrutura
Vive ele sem um teto
Sem terra e sem formatura
Mesmo não sendo de direito
Segue na mesma ditadura
O pobre não tem serviço
Vive sempre no sufoco
Trabalha fazendo bicos
Para receber algum troco
Só ele sabe o quanto sofre
“Com a corda no pescoço”
Aquele que por pura sorte
Consegue enfim um emprego
Sendo escravo do patrão
Trabalhando o ano inteiro
Não tem carteira assinada
Férias ou décimo terceiro
Quem passa dos cinqüenta anos
Não tem onde trabalhar
Tem a idade avançada
Ninguém quer lhe contratar
Conta os anos que faltam
Para poder se aposentar
Outros reclamam da sorte
E acompanham os telejornais
Vêem notícias de Brasília
Sobre os projetos sociais
São tudo apenas teoria
Na prática nada se faz
O jovem inteligente
Que sonha em se formar
Tenta uma vaga na escola pública
Para poder estudar
Sofre mais um desengano
Ao fazer o vestibular
Se vai ao hospital
Curar a sua doença
Perguntam-lhe na portaria
– É caso de emergência?
Se não for marque a consulta
Aguarde com paciência
Para quem mora do interior
Ou nos confins do sertão
Já não tem mais esperanças
Sem ter nenhuma opção
Roga a Deus e ao padre Cícero
E ao nosso Frei Damião
Trabalha o ano inteiro
Escorrendo o suor do rosto
Quando vende o seu produto
Descontam logo o imposto
Volta para casa abatido
Lamentando o seu desgosto
O filho do lavrador
Conhecendo a realidade
Abandona o interior
Tenta a sorte na cidade
Lá não conseguindo emprego
Acaba na marginalidade
Chega o tempo de eleição
Mais uma vez é lesado
Recebe várias promessas
De prefeito e deputado
E a cada pleito que passa
Fica mais decepcionado
Aquele em que o pobre vota
Com muita satisfação
É envolvido em escândalo
De mais uma corrupção
Dólar na cueca e sanguessuga
Dossiê e mensalão