Abandonado

Quando nasceu, numa esquina foi abandonado.

Levado ao abrigo, cresceu sem ter ninguém,

Sem ter ao lado quem lhe quisesse bem;

Sentiu na pele a dor de ser desprezado.

E fugiu. Longe de todos foi viver nas ruas;

No meio da criminalidade e da violência cresceu,

As artimanhas da vida o menino aprendeu

E viraram notícias as suas travessuras.

Era um caminhante errante e solitário,

A percorrer por entre ruas e esquinas;

Não tinha amigos e seguia a sua sina,

Vivendo os seus tormentos e o seu calvário.

E não teve como mudar o seu destino

E no apagar dos sonhos e das ilusões perdidas,

Viu esvaziar num abismo a sua vida:

A morte foi de encontro ao menino.

Quando morreu, não lhe cobriram de flores,

Não havia uma placa com a inscrição do seu nome

E por essa razão não tinha também um sobrenome;

Tivera na vida somente um caminho de dores.

No momento da sua partida, não foi diferente

Pois não havia quem por ele chorasse,

Quem, pela dor, uma lágrima derramasse;

Foi enterrado como um indigente.

Mas um estranho naquele momento se aproximou,

E comovido por ter assistido aquela cena,

Naquele instante do menino teve pena,

E em preces, a Deus suplicou:

Senhor, abriga-o na paz da tua morada

E conceda-lhe o descanso na eternidade;

Protejas os que vivem excluídos da sociedade

E recebas as crianças que nunca foram amadas.

Pai! Santificado seja o teu nome!

Abençoai as crianças que vivem debaixo da ponte,

Iluminai as que vivem sem nenhum horizonte

E não permitas que nenhuma morra de fome.

Wesley de Carvalho
Enviado por Wesley de Carvalho em 06/01/2010
Reeditado em 11/11/2010
Código do texto: T2014332
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