Abandonado
Quando nasceu, numa esquina foi abandonado.
Levado ao abrigo, cresceu sem ter ninguém,
Sem ter ao lado quem lhe quisesse bem;
Sentiu na pele a dor de ser desprezado.
E fugiu. Longe de todos foi viver nas ruas;
No meio da criminalidade e da violência cresceu,
As artimanhas da vida o menino aprendeu
E viraram notícias as suas travessuras.
Era um caminhante errante e solitário,
A percorrer por entre ruas e esquinas;
Não tinha amigos e seguia a sua sina,
Vivendo os seus tormentos e o seu calvário.
E não teve como mudar o seu destino
E no apagar dos sonhos e das ilusões perdidas,
Viu esvaziar num abismo a sua vida:
A morte foi de encontro ao menino.
Quando morreu, não lhe cobriram de flores,
Não havia uma placa com a inscrição do seu nome
E por essa razão não tinha também um sobrenome;
Tivera na vida somente um caminho de dores.
No momento da sua partida, não foi diferente
Pois não havia quem por ele chorasse,
Quem, pela dor, uma lágrima derramasse;
Foi enterrado como um indigente.
Mas um estranho naquele momento se aproximou,
E comovido por ter assistido aquela cena,
Naquele instante do menino teve pena,
E em preces, a Deus suplicou:
Senhor, abriga-o na paz da tua morada
E conceda-lhe o descanso na eternidade;
Protejas os que vivem excluídos da sociedade
E recebas as crianças que nunca foram amadas.
Pai! Santificado seja o teu nome!
Abençoai as crianças que vivem debaixo da ponte,
Iluminai as que vivem sem nenhum horizonte
E não permitas que nenhuma morra de fome.