Vigília

Sossegam-se-me os olhos no cansaço das pálpebras

A hora é tardia numa noite que é ainda criança

Cochilo e repasso na mente cansaços e álgebras

Contas de um rosário que abraço como minhas

O pagamento por ser do povo e vir ao mundo

Cavam-se em mim as olheiras, já de si profundas

Detesto números, são como os meus pecados

Cá se fazem, cá se pagam, maldita a factura

Que pago por ousar ver-me como gente

E de novo a noite a queixar-se de mim

Mitigo a insónia, desvalorizo o pânico

Mando embora o sono, castigo-me assim

E nesta vigília dormente e desperta

Luto contra os sonhos de olhos abertos

Fana
Enviado por Fana em 04/01/2010
Código do texto: T2011453
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