Faces Secas
Deus meu, esta mão é humana?
Quão passiva e singela se dilui e delibera,
Macérrima como a do cervo que nasce
Humilde, pede companhia para que não faleça ao desamparo!
Deus meu, esta mão de criança é humana?
Coração na África toda “martirestilhada”,
Deus meu, esta mão assusta porque é grotesca
E longe de ser fria, suga-nos pelos olhos, é o que parece!
Deus meu, estas expressões são mesmo humanas?
Quando surgem elas d’um bombardeio ao Vietnã, incrusta demônios nestes rostos
Os pés descalços, indicando que o solo do inferno existe
E que está bem mais próximo, mais que utópicos!
Deus meu, estas mãos estas expressões
São mais do que humanas, pois
Nos acostumamos a pensar que ser humano é ser puro!
E ser humano é ser cru e verdadeiro, havido que logo macula.
Aquela mão seca é mais humana do que a que segura o rifle!
Aquelas expressões de dor são mais humanas do que destes marajás,
E aquele manto sujo, abutre que espreita é mais humano que
Estes humanos que se vedam do cru e tornam-se abutre da sorte destas roseiras!