Ta Doendo

Sobre a terra seca escorre o sangue,

Do guerreiro humano, do pobre, do velho, do moço.

Como o fogo que queima,

O estomago sedento de alimento.

Tormento.

Ta doendo, ta doendo, ta doendo.

Só você não vê.

Corações partidos, infectados, poluídos...

Os rios, o mar, a água esgotada.

Escassez de esperança, morrendo.

Crianças que não param de nascer.

No concreto abstrato, no mato

Jogados no lixo, feito bicho morto.

Morreu o amor, a paixão,

Ficou o tesão, e traição.

Só restou solidão, imensa solidão.

O coração hipertenso.

Ta doendo, ta doendo, ta doendo.

Só você que não quer ver.

Agora caminham pesados, infartados.

Fugindo, um pé calçado, outro não.

Se gritar, o grito sai mudo,

Se falar, todos estão surdos.

Correndo se escondendo.

E as balas continuam cantando,

As mães continuam chorando,

O sangue continua jorrando,

Todos somos guerreiros urbanos,

Lutando pra sobreviver.

Em cada rosto um soluço,

Os passos vacilantes, confusos,

Joelhos tremendo, medo!

Um tiro.

Peito queimando, ardendo.

Ta doendo, ta doendo, ta doendo.

E voce?

Liga a tv pra ver.

Antonio Candido Nascimento
Enviado por Antonio Candido Nascimento em 28/12/2009
Reeditado em 19/02/2014
Código do texto: T1998793
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