Intocáveis

Vidas vividas em silêncio

Presas em histórias

Surdas e mudas ao tempo

Em seu leito de morte

Sem choro ou lamento

Faz da solidão companheira

De letras seculares

Eternas ou passageiras

O mundo conhece e se encantou

Ou Ninguém viu, ninguém sabe,

O anonimato é certo

E o brilhantismo um alarde

Mas, onde se esconde o segredo?

Ou onde a sorte morreu?

Quem sabe o caminho da poeira

É a praia que sempre escondeu

O tesouro perdido de outrora

È sepultado todos os dias

O pecado é não entender

Porque mentes são tão vazias

Ao ponto de reconhecer palavras

E usá-las no dia-a-dia

Negando-se em viver sonhos

E entregar-se a poesia

A modernidade chegou

É a desculpa que todos queriam

Para abandonar o enredo

Dos mortos sem moradia

Os mais politizados retrucam

Não querem enterrar quem morreu

Mas não descartam as chances

Dos falecidos habitarem o museu.

Chegando essas almas ao purgatório

Afirmo e grito até ficar rouco

Se os intocáveis são surdos e mudos

Somos todos cegos e loucos.

Igor Cruz
Enviado por Igor Cruz em 15/12/2009
Código do texto: T1980253
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