Intocáveis
Vidas vividas em silêncio
Presas em histórias
Surdas e mudas ao tempo
Em seu leito de morte
Sem choro ou lamento
Faz da solidão companheira
De letras seculares
Eternas ou passageiras
O mundo conhece e se encantou
Ou Ninguém viu, ninguém sabe,
O anonimato é certo
E o brilhantismo um alarde
Mas, onde se esconde o segredo?
Ou onde a sorte morreu?
Quem sabe o caminho da poeira
É a praia que sempre escondeu
O tesouro perdido de outrora
È sepultado todos os dias
O pecado é não entender
Porque mentes são tão vazias
Ao ponto de reconhecer palavras
E usá-las no dia-a-dia
Negando-se em viver sonhos
E entregar-se a poesia
A modernidade chegou
É a desculpa que todos queriam
Para abandonar o enredo
Dos mortos sem moradia
Os mais politizados retrucam
Não querem enterrar quem morreu
Mas não descartam as chances
Dos falecidos habitarem o museu.
Chegando essas almas ao purgatório
Afirmo e grito até ficar rouco
Se os intocáveis são surdos e mudos
Somos todos cegos e loucos.