CUIDEMOS DE NOSSAS CRIANÇAS
Sem suportes, indefesas, tão pequenas,
sementinhas jogadas em térra estéril,
não vingam, vão definhando e morrendo,
nutrientes lhe faltam, não são regadas,
e o amor que seria razão para vitalidades,
não conhecem, passa ao largo, ignoram.
Concebidas numa entrega só de corpos,
Sem amor, brutalidades, sem carinhos,
Vingam devagar, já sofrendo, rejeitadas,
E a mamãe que lhe carrega no ventre,
Nem carinhos de uma palavra lhe sussura,
Pois é rejeitada desde que foi concebida.
Vem ao mundo conhecendo suas realidades,
O barraco imundo é o palco que irá viver,
Sem encantos, só misérias, sons que assustam,
E o tiro sinistro que na noite escura tira vidas,
É o tráfico de drogas que faz o toque de recolher,
Liberdades que não existem num nefasto mundo.
Gostaria de espaços para correr tão livre,
Como outras crianças fazem naturalmente,
Mas seu mundo é cruel e lhe aprisiona,
Sem alternativas para ao menos ser feliz,
E sonha com liberdades que não existem,
Só violências são o aprendizado que irá ter.
Sementinha que germinou em sólo estéril,
Para ela só restam espectativas tão tristes,
O caminho das drogas que lhe tira dignidade,
Pois não é cidadão e nem possui identidades,
Pae ausente que num momento de desejos,
Só o nome da mãe vai figurar em documentos.
10-12-2009