Cidade do ouro e da bijuteria

A noite ainda respira

Enquanto a cidade começa a acordar

Sonhos misturam-se nas filas...

Josés e Marias rumam ao labutar

A cidade é profana e é sagrada

Democrática no seu covil

Tem homens de ternos que não valem nada

E tem mendigos que orgulham o Brasil

A cidade é santa... às vezes tirana

Tem até luxo, mas também muita lama

Têm flanelinhas, promotores e ciganas

Varrem-se do espelho a moral e a honra

A cidade luz às vezes convive com o breu

Nos cigarros proibidos que avassalam famílias

Nos gritos de seres a margem do que são seus...

Nas favelas da morte ainda encontram-se vidas

A cidade constrói monumentos

Na imponência de uma terra divina

Tem assaltos, tem engarrafamentos

Tem miséria bem do lado da folia

Na cidade se corre, se atira, se salva e se mata

Pede-se, se dá, se empresta e se rouba

Na cidade come-se filé, pão e caviar

Mas há pratos vazios procurando comida

Seja no lixo, no sinal ou em qualquer lugar

E no cair do sol, a cidade volta pra casa

E alguns sem casa não sabe onde ficar

E esperando por um futuro que nunca chega...

Uns caem no choro, enquanto outros começam a sonhar