MENINO DE RUA

Pau que nasce torto, morre torto,

Mas menino não é pau.

Tortas são as ruas,

Que entortam os meninos,

Que sugam dos meninos seus sonhos,

Que desviam os meninos do seu caminho,

Que os afastam do direito.

Tortas são as ruas,

E os desnudos de sensibilidade que nela caminham,

Os gananciosos que roubam até os meninos,

Menino quando nasce,

É árvore viçosa,

Vis são os que roubam até sua seiva.

Menino nasce reto,

Tortas são as ervas daninhas,

Travestidas de liberalistas, capitalistas e outros “istas”.

Que habitam, que dominam as ruas,

Que entortam até os meninos.

Tortas são as curvas do ceticismo humano,

Os barrancos onde se encosta o barbarismo social,

A exploração do semelhante,

Por conta da modernidade.

Menino não é pau,

Não nasce torto,

As ruas tortas e seus habitantes tortos o entortam,

Em volta da qual vivem abutres

E meninos.

Eacoelho
Enviado por Eacoelho em 05/12/2009
Reeditado em 30/05/2024
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