O ÓPIO DAS PROMESSAS
É uma corja violenta de afiados dentes,
Cães danados protegendo a ninhada
Saciando-lhe a fome imoderada
Com impostos que arrecada das gentes.
Vivem na abastança das casas reluzentes
Enquanto na rua a população apinhada
À procura de emprego vive atormentada
Com a pobreza e as enfermidades presentes.
É uma multidão extremamente solitária
Em desespero vendo a miséria crescer
Como consolo cantam sempre a mesma ária
Com a esperança de ver a justiça nascer.
Seus apelos se perdem como gritos de demência
A sua luta tem sempre um resultado inglório
Porque os escolhidos adormecem a consciência
Com o ópio das promessas em bonito falatório.
E assim a cada época o velho salteador
Engendra estratagemas para disputar
Mais um quadriênio e marcar com a dor
O povo deste país que ele não sabe amar.