O verdadeiro bandido

O verdadeiro bandido

Minh´alma constrangida

Diante da cena patética

O abastado por traz do vidro

Do seu carro reluzente

A negar ao indigente

Uma migalha carente

Um simples olhar amigo

Por que

O bem-sucedido

Evita o reles

Ignora o desvalido?

Por vezes sinto que é medo

De ao toque do mendigo

Se torne sujo e fedido

Esquece-se que é um irmão

Que não teve um bom destino

Muito menos oportunidade

Pois nasceu do inadequado

Nasceu do oprimido

E de geração em geração

A miséria dos desvalidos

É como uma herança

Seu futuro indefinido

Porque poucos humildes

Passam recibo de inimigo

Esperam apenas a chance

De serem vistos como gente

E não tratados como bandidos

E se oportunidade tivessem

De saber o que não lhes é permitido

Seriam cidadãos respeitáveis

Poderiam ser seus amigos

Não é questão de inteligência

Falta um pouco mais de vontade

Daquele que tem o poder

Promover a solidariedade

Permitir ao oprimido mostrar sua capacidade

Vencer por seu próprio mérito

Porque merece

Ser visto como gente

E não como fedido

Vencer porque é seu direito

Constantemente transgredido

Por aquele que não quer ver

Pelo poder do poder

Que o quer sempre ignorante

E cativo...

Aquele que não se educa

Promove e acredita no populista

Recebe cesta básica, vale leite, vale tudo

Agradece e vota no absurdo

Perpetua sua ignorância

Perpetua o poder do seu verdadeiro inimigo

Em uma visão utópica

Não haveria o fedido

Muito menos o preconceito

Somente carros reluzentes

E ninguém para lhes limpar o vidro

Que mundo bandido!