Porto de Tubarão - Vitoria - ES
    
Porto de Tubarão

Encaro o Porto de Tubarão frente a frente.
Olhos nos olhos...
Às vezes penso ser de minério meu coração...
Triste e acinzentado como o pó
que invade minha varanda
vindo lá de suas progressistas e calculistas bandas...
Nem as flores têm a mesma cor
subjugadas ao seu pó devastador.
Coitadas... tão sem viço na jardineira!
Sinto-me a própria Gata Borralheira,
toda suja de cinza...
Sozinha, triste, sem voz.
Até o albatroz que voava frente à minha janela
foi desfilar por outras passarelas...
Fugiu de tanta poluição!
De dia até que bem camuflada,
A fumaça negra devidamente filtrada,
Mas à noite... Ah!... à noite...
Quando os olhos dormem...
Fecham-se os filtros e o pó sinistro
Viaja nas asas do vento nordeste
E o céu que foi um dia azul celeste
veste-se de cinza
e deixa cinza meu coração!
A saúde vai para o espaço,
nos fragmentos do aço!
Bronquite, rinite, sinusite...
E o progresso em alta...
Será que alguém sentirá a minha falta,
quando o minério cobrir meu pulmão?
Creio que não!