DA COLA AO CRACK

DA COLA AO CRACK

Aperto o cinto em nome do homem

enquanto a fome

constrói a rima rica pouco esnobe

da fome da casa do pobre

sem casa nem nome!

aperto o cinto na subida do avião da vida;

sem destino certo irei parir algumas putas

pois destino é desdém pra quem na vida é refém

do viver sem amém.

Vem o padre

Vem o podre

Sem alarde!

Vem o monge

Vale cem, vale vintém,

Vale da dor dos teréns perdidos!

Vale gás,

Vale leite,

Vale refeição ou vale chumbinho?

Não vale a inanição dos irmãos meus.

Aperto o cinto, mas a garganta reclama da

mão que lhe esgana..

A sede não passa

A rede não balança e a criança chora

Enquanto o estômago ronca feito cuíca e

lá fora a mãe fornica e faz de tudo até boquete.

Chova chuva ou canivete

na vida vai ter pivete misturado com rapariga ou ela sendo.

Vou cumprir minha sina assaz

Assassinando a senha da vida, senhora!

Na descida do avião agora,

Descerão na mina sacola meus trovões e atabaques

Não quero cola

Não quero craK

Não quero esmola

Não quero araque

Quero craques de bola

Quero escola

Quero estudo

Quero paz para o mundo

Quero o vagabundo tal qual Chaplim

plim plim não

que não sou bobo

quero paz pra mim

quero paz pra ti

quero paz pro povo...