NEGRA

Altiva, bela, cativante, só sorrisos,

Porte esbelto, desperta até invejas,

Pelo andar, corpo escultural, perfeita,

Como se fosse por artista desenhado,

Nas formas curvilineas com caprichos,

E nas telas expusesse as perfeições.

Não tem reinados ou exuberâncias,

Sua moradia pode até ser na periferia,

Pela condição social que discrimina,

Mesmo sendo genuinamente brasileira,

Mistura de raças que resultou num primor,

Tantas são as graças que mostra sorrindo.

Poderia desfilar em passarelas seus encantos,

Brilhando altiva em espaços que lhe negam,

E se algumas conseguem objetivos tão sonhados,

São excessões num mercado que discrimina,

Que escolhem manequins pela cor de suas peles,

Ou pelos olhos da cor do mar ou azul do céu.

Não precisariam ter um dia para identidades,

Consciência Negra para serem reconhecidas,

Bastaria reconhecer nelas suas igualdades,

Negras, brancas, amarelas, até mulatas,

Todas iguais para as mesmas oportunidades,

E condições dignas até mesmo em moradias.

Negra altiva que caminha tão despretenciosa,

Mas que olhares furtivos notam seus encantos,

Pela maneira sutil que desfila suas graças,

No gingar de corpos que nenhuma se compara,

Só ela tem os trejeitos que Deus lhe agraciou,

E mesmo não tendo espaços sorri e é feliz.

20-11-2009