O menino
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Publicado no Jornal Letras Santiaguenses, edição Jul/Ago 06
O garotinho parou e olhou
Assustado, coitado, estava muito frio
Mas não, não! Precisava continuar caminhando
Imagina se parasse e viesse
Não havia erro, perderia tudo!
E amanhã, o que teria?
Nada.
Apertou com sua mãozinha o máximo que pôde
E ele estava vindo!
Manteve o passo apertado, o vento frio cortava
Olhou para trás e para a frente. De novo. Correu...
Como seria amanhã, se ele alcançasse?
Pensava naquilo com todas as forças do mundo
Era o mais importante, o resto não passava de resto.
Foi quando deu um trupicão e o corpo lançou-se à frente
Mãozinhas frágeis abriram-se
A moedinha, única e singela, desprendeu-se de seu dono
O que fez os olhos marejarem
E um rio de água salgada escorrer pela face pálida
Fora-se o dinheiro, a vida, o pão
Seu alimento tão sagrado e desejoso
Agora distante e nas mãos de outro garoto
De rua...