Vida Mecânica

À nossa volta é máquina para todo lado

A paisagem virou concreto armado

Os arranha-céus e edifícios gigantes

Escondem os raios solares sufocantes

O trabalho é uma rotina que endoidece

Tapa a visão e a emoção desaparece

Transformamo-nos em máquinas automáticas

E esquecemos a humanidade em nossas práticas

Com o coração robotizado caminhamos depressa

Precisamos vencer o tempo que a cada minuto cessa

Realizar as mesmas tarefas todo o dia

O feito de ontem é o mesmo da manhã que se inicia

E nesse constante vai-e-vem não paramos para pensar

Chagamos ao cúmulo de não conseguir lembrar

Uma criança esquecida no banco de trás de um automóvel

Sozinha, quieta, imóvel...

É nossa carne e nosso sangue que morre

Mas não temos culpa do tempo que corre

Dessa vida mecânica que nos rouba o raciocínio

Da humanidade saturada e em declínio

Restam a dor e o remorso cortantes

A vontade de voltar ao passado por alguns instantes

Poder rasgar o metal cruel da mente mecanizada

Salvar a própria vida e a vida já ceifada