VITRINE
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Doce olhar de criança na vitrine
Olhos tão grandes como sua fome
Barriga infantil vazia é um crime
Um mal social cruel; me consome...
Olhar de criança na janela; um doce
Oferece : vai aí bala moço? Um real!
Olhando pro lado como se nada fosse
O moço não sente essa fome abissal
Essa fome que mata; o futuro corrói
Esse olhar colado na vitrine, no doce
Essa cena, corriqueira, ainda me dói
Imagino se um dos meus filhos fosse...
(Lena Ferreira)