A cara do cara
(Poema para ser declamado no ritmo de Rap)
A cara do cara
Não dá para acreditar,
Mas tenho que falar.
Chega! Deste rola, rola
Lero-lero
E muito blá, blá, blá
Tudo acontece
E o homem estala
Agora não adianta
Dizer eu não quero
Aposenta os sonhos
Na mocidade
E mata em ti
Qualquer vontade
Somos mortos-vivos
Pelas cidades
Chega! Tanta baboseira!
Tanta discussão,
Tudo acaba em União.
É tudo sempre em vão.
Vê se faz qualquer coisa
Meu irmão
Pois não está dando
Para segurar não
E o homem está lá.
Depois, é sempre
A mesma coisa
Rola, rola lero-lero
E muito blá, blá, blá
A máquina funciona
Como rolo compressor
Por onde passa
Tudo vai comprimindo
As verdes matas destruindo
E o povão engolindo
Muito comprimido para dor
Não tem açalpão nem ratoeira
Não tem prisão e nem justiça
É um bando de pássaros livres
E um monte de ratos soltos
Que vivem a nos dar rasteira
Não dá para falar
Tamanha a emoção
Tristeza, dor, desilusão
Viver quase sem opção
Já mudei até o nome do deus
Para chegar lá
Minha triste oração
Eu canto um RAP para Alá
Vê se pode me escutar
E o cara ainda está lá.
Aqui não dá mais
Os trabalhadores honestos
São os otários pagãos
Os infelizes imbecis
Que vivem sob a mira dos fuzis.
Está difícil até de sair
No trabalho chegar, então
Os ônibus são queimados,
Os trens superlotados
Também são incendiados
Os bobocas ficam presos
Na estação sem informação
Como se fossem presidiários
Esperando a condenação
Assim meio tipo:
Gado na fila indo
Para a estação Matadouro
Escutei dentro do vagão
Que era exclusivo feminino
- Cala a boca mulherão.
Quer sair dos trilhos
Se não andar na linha
Vai comer formiga
Vou te tornar presunto
Apodrecer com os pés juntos
Jogo-te em qualquer lixão.
No solavanco do trem
Não teve para ninguém
Saí correndo para o último
Vagão lá toda encolhidinha
Desci discretamente
Sempre com minha sombrinha
Nunca se sabe a hora
De revidar pode ser agora
A trovoada já está a roncar
É difícil acreditar
Mas ele continua lá
Nem prece para Alá
Só continua o eterno
Toma de lá, dá cá
O cara continua lá
Até quando não sei
Eu mal sei ler
Nem sei escrever
Não entendo de lei
Só conheço a de Deus
Que para nós há muito
Já acenou adeus
Isto é um pesadelo
Ou fui morta por uma bala
Estou no céu ou no inferno?
Não estou sonhando com
Os anjos no paraíso
Ouço a voz da patroa
Gritando acorda, acorda
Bebeu muita água do Barril
Calei o grito na garganta
De ódio de voltar a terra
Da desesperança
Vida triste de governanta
De pobre é claro
Vou deixar de ser imbecil
Aprender a ler
E então quem sabe
Ordem e Progresso
Não sejam apenas as palavras
Da bandeira de um povo
Que trabalha labuta trabalha
E cansado de tanto trabalho
Dorme de barriga vazia
Meu grito vai ecoar
Do Oiapoque ao Chuí
Acorda Brasil!
Não é com armas nem fuzis,
Que vamos mudar
Precisamos mais educação,
Mais trabalho, mais união.
Para o brilho desta nação
Alcançar a abundância em profusão.
E viver livre do estigma,
De país sem solução.
E então não seremos gado,
Indo para a estação Matadouro
Amassados no trem,
Nessa desastrosa viagem.
(Poema para ser declamado no ritmo de Rap)
A cara do cara
Não dá para acreditar,
Mas tenho que falar.
Chega! Deste rola, rola
Lero-lero
E muito blá, blá, blá
Tudo acontece
E o homem estala
Agora não adianta
Dizer eu não quero
Aposenta os sonhos
Na mocidade
E mata em ti
Qualquer vontade
Somos mortos-vivos
Pelas cidades
Chega! Tanta baboseira!
Tanta discussão,
Tudo acaba em União.
É tudo sempre em vão.
Vê se faz qualquer coisa
Meu irmão
Pois não está dando
Para segurar não
E o homem está lá.
Depois, é sempre
A mesma coisa
Rola, rola lero-lero
E muito blá, blá, blá
A máquina funciona
Como rolo compressor
Por onde passa
Tudo vai comprimindo
As verdes matas destruindo
E o povão engolindo
Muito comprimido para dor
Não tem açalpão nem ratoeira
Não tem prisão e nem justiça
É um bando de pássaros livres
E um monte de ratos soltos
Que vivem a nos dar rasteira
Não dá para falar
Tamanha a emoção
Tristeza, dor, desilusão
Viver quase sem opção
Já mudei até o nome do deus
Para chegar lá
Minha triste oração
Eu canto um RAP para Alá
Vê se pode me escutar
E o cara ainda está lá.
Aqui não dá mais
Os trabalhadores honestos
São os otários pagãos
Os infelizes imbecis
Que vivem sob a mira dos fuzis.
Está difícil até de sair
No trabalho chegar, então
Os ônibus são queimados,
Os trens superlotados
Também são incendiados
Os bobocas ficam presos
Na estação sem informação
Como se fossem presidiários
Esperando a condenação
Assim meio tipo:
Gado na fila indo
Para a estação Matadouro
Escutei dentro do vagão
Que era exclusivo feminino
- Cala a boca mulherão.
Quer sair dos trilhos
Se não andar na linha
Vai comer formiga
Vou te tornar presunto
Apodrecer com os pés juntos
Jogo-te em qualquer lixão.
No solavanco do trem
Não teve para ninguém
Saí correndo para o último
Vagão lá toda encolhidinha
Desci discretamente
Sempre com minha sombrinha
Nunca se sabe a hora
De revidar pode ser agora
A trovoada já está a roncar
É difícil acreditar
Mas ele continua lá
Nem prece para Alá
Só continua o eterno
Toma de lá, dá cá
O cara continua lá
Até quando não sei
Eu mal sei ler
Nem sei escrever
Não entendo de lei
Só conheço a de Deus
Que para nós há muito
Já acenou adeus
Isto é um pesadelo
Ou fui morta por uma bala
Estou no céu ou no inferno?
Não estou sonhando com
Os anjos no paraíso
Ouço a voz da patroa
Gritando acorda, acorda
Bebeu muita água do Barril
Calei o grito na garganta
De ódio de voltar a terra
Da desesperança
Vida triste de governanta
De pobre é claro
Vou deixar de ser imbecil
Aprender a ler
E então quem sabe
Ordem e Progresso
Não sejam apenas as palavras
Da bandeira de um povo
Que trabalha labuta trabalha
E cansado de tanto trabalho
Dorme de barriga vazia
Meu grito vai ecoar
Do Oiapoque ao Chuí
Acorda Brasil!
Não é com armas nem fuzis,
Que vamos mudar
Precisamos mais educação,
Mais trabalho, mais união.
Para o brilho desta nação
Alcançar a abundância em profusão.
E viver livre do estigma,
De país sem solução.
E então não seremos gado,
Indo para a estação Matadouro
Amassados no trem,
Nessa desastrosa viagem.