POBRE FILHA
POBRE FILHA
A Vida agora começou, o palco está a sua disposição.
Não és mais a espectadora,
Da Vida és a batuta, a atriz, o Verso.
Da Vida és a vida.
Mas, ó infelicidade, esta pedra, é a pedra.
Não lamento uma nova vida que geras.
Lamento suas décadas a perder,
Suas festas, passeios, brincadeiras, danças e praias.
A pirotecnia da Juventude, As cores do Carnaval, Juninamente falando em Ano Novo.
Lamento suas noites acordadas sem nem entender o que está acontecendo.
Os cheiros de excrementos e choros infantis madrugada adentro.
Boquiaberta agora vê a “ficha cair”
- “não, para a festa de Niver, não posso ir, estou amamentando.”
Pô!! são quatorze anos de início e mais de trinta a perder, são saudades deixadas.
São Ilusões viradas pedras cimentadas, é a realidade dura de adulto.
Linha da boca que vira para baixo
Cabelos soltos amortiçados,
O Jeito moleque, agora sizudamente comportado.
Minha criança virou adulto quando ia Viver.
Pobre filha minha, não poderia e nem queria.
Mas minha prece é “Deus não a deixe mais sofrer.”