Pião
Quatro e meia da madrugada!
Ruas silenciosas à espera da alvorada
Esquinas abrigando cães e gatos
Calçadas poupadas da marcha dos sapatos
A cidade se esconde nos cobertores
Embaixo dos travesseiros repousa seus temores
Mas já são quatro e meia da madrugada...
Acorda prisioneiro do tempo
Sacode a poeira do sono profundo
Veste a calça desbotada,
a camisa suada,
a bota rasgada,
sai com a esperança renovada
e corre aos braços do teatral passatempo
Assegura sua entrada no espetáculo
Com um mero cartão
levas um número no peito
como o gado branco marcado pelo peão
Bem-vindo ao tórrido galpão
da sobrevivência
Monstro de energia
Escravo doutrinado
em sua cruzada pela decência
Cordeiro conformado com sua letargia
Ao seu redor,
máquinas torneando a diária obsessão
fresando aos poucos
os outrora resistentes metais
de seu cansado coração
Nos corredores,
a voz das pessoas é um artigo de luxo
para sepultar a solidão
Mas você não está abandonado...
Pela dolorosa luz
das grandes lâmpadas é iluminado
Suor amargo ao chão jorrado
Graxa bronzeando a pele esmaecida
Tímpanos beijados
pelas ruidosas engrenagens
Belíssimo robô humano
Aos ventos modernos e selvagens
és o curinga sublime deste jogo tirano
Dezessete horas!
Vai operário,
entra no ônibus azul
avista as mesmas paisagens
repousa o tronco cansado
no mesmo banco quebrado
ouve as mesmas conversas idiotas
fecha os olhos e faz uma oração
Pede uma anestesia geral para a mente
Abandona o universo paupérrimo do vizinho
Mantém a chama do inconformismo
cicatrizando a chaga do comodismo
Vinte horas!
O mundo é um relógio sem compaixão
A noite surge
expulsando o dia para o Japão
Está na hora das lamúrias
por instantes abandonar
e aos sonhos coloridos a alma poder entregar
Pois logo,
o velho despertador
com seu pisca-pisca melódico
lembrará sua dor
Às quatro e meia da madrugada...
Olá Recantistas!
Essa poesia faz parte do meu livro intitulado "Lunático", o qual foi lançado em Fevereiro de 2009 e pode ser adquirido pelo contato deixado neste site.
Obrigado,
Evandro Luis Mezadri
Quatro e meia da madrugada!
Ruas silenciosas à espera da alvorada
Esquinas abrigando cães e gatos
Calçadas poupadas da marcha dos sapatos
A cidade se esconde nos cobertores
Embaixo dos travesseiros repousa seus temores
Mas já são quatro e meia da madrugada...
Acorda prisioneiro do tempo
Sacode a poeira do sono profundo
Veste a calça desbotada,
a camisa suada,
a bota rasgada,
sai com a esperança renovada
e corre aos braços do teatral passatempo
Assegura sua entrada no espetáculo
Com um mero cartão
levas um número no peito
como o gado branco marcado pelo peão
Bem-vindo ao tórrido galpão
da sobrevivência
Monstro de energia
Escravo doutrinado
em sua cruzada pela decência
Cordeiro conformado com sua letargia
Ao seu redor,
máquinas torneando a diária obsessão
fresando aos poucos
os outrora resistentes metais
de seu cansado coração
Nos corredores,
a voz das pessoas é um artigo de luxo
para sepultar a solidão
Mas você não está abandonado...
Pela dolorosa luz
das grandes lâmpadas é iluminado
Suor amargo ao chão jorrado
Graxa bronzeando a pele esmaecida
Tímpanos beijados
pelas ruidosas engrenagens
Belíssimo robô humano
Aos ventos modernos e selvagens
és o curinga sublime deste jogo tirano
Dezessete horas!
Vai operário,
entra no ônibus azul
avista as mesmas paisagens
repousa o tronco cansado
no mesmo banco quebrado
ouve as mesmas conversas idiotas
fecha os olhos e faz uma oração
Pede uma anestesia geral para a mente
Abandona o universo paupérrimo do vizinho
Mantém a chama do inconformismo
cicatrizando a chaga do comodismo
Vinte horas!
O mundo é um relógio sem compaixão
A noite surge
expulsando o dia para o Japão
Está na hora das lamúrias
por instantes abandonar
e aos sonhos coloridos a alma poder entregar
Pois logo,
o velho despertador
com seu pisca-pisca melódico
lembrará sua dor
Às quatro e meia da madrugada...
Olá Recantistas!
Essa poesia faz parte do meu livro intitulado "Lunático", o qual foi lançado em Fevereiro de 2009 e pode ser adquirido pelo contato deixado neste site.
Obrigado,
Evandro Luis Mezadri