BORBOLETA

Ainda que eu tiver que ver o crepúsculo

Pelo quadrado da janela

Tendo o chão gélido e molhado como colchão

Não desanimarei

Ainda que eu tiver que imprimir jornais

Na calada da noite

Para ser perseguida na calçada

Eu continuarei a panfletar meus ideais

Ainda que eu tiver que ficar com meu corpo nu

Para ser torturada

Para ser massacrada

Eu serei Minerva, e firme ficarei

Ainda que eu tiver que sair do casulo

Para bater asas nas ruas de vidro

E sangrar todos os dias

Eu voarei

Ainda que eu tiver que perder minha vida

Na estrada deserta

Para vidas serem livres

Minha vida eu darei