REVOLTA DA EXCLUSÃO
No caminho encontro eles
Na estrada encontro aqueles
No mundo eles todos estão
A implorar um pedaço de pão.
Imploram de muitas formas
Durante todas as horas
De manhã, de tarde, de noite
Eles não temem o açoite
Estão nas ruas, nas esquinas
Estão nas praças, nas cantinas
Parecem seres de outro mundo
Mas seu mal é mais profundo.
Rejeitados, esnobados,
Encurralados, ameaçados
Mas resistem, sem consciência
Do tamanho da demência
Dos contrários que os afugentam.
E assim, com o pouco se contentam.
Mas, por quê? O que os conduz
A esse final, sem nenhuma luz?
Trocado aqui, trocado ali, é o real
Mundo onde eles vivem. Afinal
De onde virá o clamor que poderá
Livrá-los, enfim, desse mal
Na construção do sistema ideal
Que a injustiça corrigirá?
De onde virá? A resposta é nossa
E não deles, que sofrem a coça
E sobrevivem sem nenhum suporte
De onde virá? Talvez seja esta a hora?
Vamos fazer a revirada agora
Ou quando a ameaça real se torne
Não apenas em atos isolados de revolta
Ou na insurgência que a fome já provoca
Quando somos atingidos pela foice.
Mas na formação de uma reviravolta
Movida pela fúria da revolta
Provocada pela infinita e escura noite
Que se tornou o viver á nossa volta
Do qual tivemos sempre a paranóia
De seres vivos pelo mal movidos
Chegado enfim o dia do acerto
Dos infinitos débitos; do fim do pacto
Que incoerente, mas quase infinito
Se estabeleceu sem ter pedido acordo
Estaremos livres sim desse pecado
Com nosso próprio sangue afinal, punidos.
Ninfeia G