EU,RIO
Pelo sim e pelo não
Pelo certo e pelo errado
Pelo que havia pra ser vivido
E covardemente não se viveu
Pelo alimento em abundância
E pela falta constante do pão
Pela palavra mal proferida
E pela boca que emudeceu
Pelo amor descabido de alguns
E por não caber amor em muitos
Pela água que mata a sede
E pela sede incessante de matar
Pela inteligência que há no mundo
E pela burrice de não bem usá-la
Pela riqueza que veste a carne
E pela pobreza que despe o espírito
Pelo dito e pelo não dito
Dos meus olhos nascem rios...
E, enquanto rio
Eu não sorrio.