O LIXO
Nuns longes atrás,
sem aquilo ou isto,
o lixo era o lixo.
E faz-se o progresso;
vem a evolução.
Nações de operários:
ricos, menos pão.
Entretanto, agora,
lixo humanizado,
às mãos do patrão.
Lixo, pois, é luxo,
quando no lixão.
Sói o ser humano
ser mais desumano,
em luxo adornado.
Outras grandes massas,
gente (quase lixo),
sem eira nem beira,
sem pão e sem chão.
Viver subumano!
Mas veja: do luxo,
tão mal partilhado,
é donde nos vem
o maior porém.
E o próprio lixão,
do luxo catado
– não-incinerado –,
mas sempre explorado,
cai no cidadão.
Fort., 19/10/2009.