AO CAMARADA PRESTES*
“Porque tens a rijeza e o brilho
do diamante / o povo conserva o
teu nome engastado / no fundo
do coração. // O fascismo tentou
reduzir-te a pedaços / e ousou te
encerrar numa caixa de ferro, /
pensando talvez ofuscar o teu
brilho.” (Carlos Marighella, em
poema escrito na prisão da Ilha
Grande, 1944)
Foi-se Luís Carlos Prestes,
sem lhe ruir o ideário.
Este baobá humano
(de passado legendário)
curvou-se ao tacão do tempo,
nunca às garras de um tirano.
Do topo dos seus noventa
e dois anos bem vividos,
não apenas fez a História,
mas foi a própria dos idos
da invicta Coluna Prestes,
marco indelével de glória.
Revel, caráter de aço,
das sagas que empreendeu,
ele foi ponta-de-lança
e, feito herói, não morreu,
pois vai ser o sempre amado
“Cavaleiro da Esperança”.
De Norte a Sul, frente às massas,
combateu seu bom combate
e, a pé, de Brasil afora,
demonstrou ter mais quilate,
pois que líder obstinado,
sem medir léguas nem hora.
Exilado ou nas masmorras,
com Marx e Lênin de lado,
de ideias nutriu-se, então.
Perseguido ou venerado,
um Dom Quixote das lutas
em prol da revolução.
Figura exponencial
desta pátria brasileira,
o valente idealista
terá sido, de primeira,
mito que o mundo consagra
como exemplar comunista.
Foi-se Prestes, mas o homem
virado livros na estante,
personagem de odisseias,
sempre haverá quem o cante,
mesmo sem se ter memória
para os titãs das ideias.
Viva, pois, o camarada
que foi bater lá por cima,
que pôs a limpo o ideário,
lendo as teses da doutrina,
e ora, talvez, bata papo
com sua Olga Benário.
(08/03/1990)
Fort., 12/10/2009.
(*) Luís Carlos Prestes (Porto Alegre, 3
de janeiro de 1898 – Rio de Janeiro, 7 de
março de 1990) foi um militar e político
comunista brasileiro. Foi secretário-geral
do Partido Comunista Brasileiro e com -
panheiro de Olga Benário, morta na Ale -
manha, na câmara de gás, pelos nazistas
[Fonte: W i k i p é d i a].