Criança, GRANDE, abandonada!
Criança abandonada
Que vive de ilusão
Dorme e come na calçada
Faz do passeio o seu colchão
Vive a perambular
Solto e triste pela rua
Não acha quem o amparar
Na triste sorte sua
Pede sempre um trocado
Ao cidadão, a passar
Para comprar um bocado
E sua fome saciar
Do futuro não tem certeza
Só fala e ouve violência
Nesta linha de pobreza
Justiça social, por clemência!
Chuva, sol, solidão
É o seu dia a dia habitual
Com tanta discriminação
Onde está, ó proteção legal?
Um passado sem lembranças
De uma infância perdida
Futuro sem esperança
Por não achar guarida
Tem olhar relegado
Pela tal sociedade
Precisa ser resgatado
Prá acabar a piedade
De marginal é chamado
Ninguém o dá a mão
Se fosse um pouco amado
Não o taxaria de ladrão
Cai dos olhos uma lágrima
Olhar distante na dor
Sofre e sente a desgraça
Do desprezo e desamor
Hoje menino-criança
Não é data comemorada
Oremos prá que a infância
Possa, enfim, ser respeitada.