Os sem-nada

Nasceu para viver como se vive com um salário

Pedindo o fim do mês ,contando as contas em rosário

Como cumprir aquilo, que estabeleceu em avenças

Mantendo seu orgulho, apoiando-se, agarrado em crenças

Correndo atrás de um carro, a despejar despojos

Que em casa de bem-aventurados chama-se sobejos

E ele que vive onde tudo falta, onde nada sobra

Vive, ou desvia-se da morte em permanente manobra?

Um manobrista, a quem a vida não deu veículo

Um acomodador, que na Bíblia procura fascículos

Para tirar do antro, ou do viciado seu filho do vício

Céu, quero o fim da guerra, quero assinar o armistício

Quero parar de viver, ou quero deixar de viver morrendo

Em clerical sindicato, meus pares reforçam meu referendo

Que todas as preces nos permitam no mundo ter vivido

Que não se enterrem em covas rasas nós, os excluídos

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 09/10/2009
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